Em cancelamento de compra online (chargeback), lojista não pode ser único responsável pelo prejuízo, decide STJ

O cancelamento de compras realizadas com cartão de crédito, também conhecido como chargeback, tem sido um problema crescente para lojistas, especialmente em transações online. Recentemente, a 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) proferiu uma importante decisão que muda o cenário para comerciantes, determinando que o lojista não pode ser o único responsável por cancelamento de compra online causada por fraudes ou disputas com consumidores. Essa decisão traz um novo alívio para empresários, que muitas vezes se veem prejudicados por situações fora do seu controle.

Se você é lojista e está enfrentando problemas com o cancelamento de transações online, este artigo vai explicar o que muda com essa decisão do STJ e como ela pode impactar o seu negócio. Vamos abordar de maneira simples os conceitos por trás do chargeback, detalhar o que essa decisão significa, e o que você pode fazer para proteger seu negócio.

O que é chargeback e como ele afeta os lojistas?

O chargeback ocorre quando um consumidor contesta uma compra feita com cartão de crédito, alegando fraude ou outros problemas. Na prática, isso significa que a operadora do cartão pode estornar o valor da compra, mesmo que o lojista já tenha entregue o produto ou serviço.

Para os lojistas, isso pode gerar um prejuízo enorme, pois além de perder o valor da venda, também arcam com o custo do produto ou serviço entregue. E, em muitos casos, a responsabilidade recai quase inteiramente sobre o comerciante, mesmo quando ele não teve culpa na fraude ou no erro.

O que diz a decisão do STJ sobre a responsabilidade pelo cancelamento de compra online?

A decisão do STJ trouxe um novo alento para os lojistas. Em um caso recente, o Tribunal entendeu que um comerciante não pode ser o único responsável pelo cancelamento de compras realizadas online. O caso envolvia um contrato com uma intermediadora de pagamentos que, até então, obrigava o lojista a arcar integralmente com os prejuízos do chargeback, mesmo que ele tivesse seguido todas as regras de segurança.

O lojista recorreu ao Judiciário pedindo a anulação dessa cláusula contratual, e tanto as instâncias inferiores quanto o STJ entenderam que essa imposição de responsabilidade exclusiva ao comerciante era injusta. O Tribunal afirmou que, em uma transação comercial, o intermediador de pagamentos também tem um papel crucial na segurança da operação, e não pode repassar toda a responsabilidade ao lojista.

Essa decisão é importante, pois abre precedentes para que lojistas possam questionar cláusulas abusivas em contratos com intermediadoras de pagamento, que, muitas vezes, transferem o risco de fraude ou erros nas transações diretamente ao comerciante, sem oferecer garantias.

Como essa decisão pode impactar o seu Negócio?

Para o lojista que está enfrentando problemas com cancelamento de transações online, essa decisão pode trazer um novo horizonte de possibilidades. Antes, muitos comerciantes eram forçados a aceitar cláusulas de responsabilidade total em contratos com intermediadoras de pagamento, o que colocava o risco integralmente sobre os seus ombros. Agora, o STJ aponta que esse risco deve ser compartilhado.

Isso significa que, se você estiver passando por uma situação em que uma compra foi cancelada injustamente, mesmo após a entrega do produto ou serviço, você tem a possibilidade de questionar essas decisões na Justiça. A decisão do STJ também sinaliza que intermediadoras de pagamento devem ter mecanismos mais eficazes de verificação e segurança, assumindo sua parte de responsabilidade em casos de fraude.

Dicas para evitar problemas com cancelamentos de compras

Embora a decisão do STJ seja uma vitória para os lojistas, é essencial que os comerciantes adotem medidas preventivas para minimizar os riscos de chargeback e fraudes em suas operações. Aqui estão algumas dicas práticas:

Verificação Rigorosa de Dados: Sempre exija informações detalhadas dos compradores, como comprovantes de residência, identificação e contato telefônico. Isso ajuda a reduzir o risco de fraudes.

Use Ferramentas Antifraude: Plataformas de e-commerce e intermediadoras de pagamento oferecem ferramentas de monitoramento de transações suspeitas. Ative essas funcionalidades para aumentar a segurança.

Acompanhamento do Processo de Entrega: Mantenha um controle rigoroso sobre o envio de mercadorias. Acompanhe o rastreamento de entregas para garantir que os produtos cheguem ao destino correto.

Contratos Mais Justos: Ao assinar um contrato com uma intermediadora de pagamentos, leia atentamente as cláusulas sobre responsabilidade em casos de chargeback. Negocie termos que garantam uma divisão justa dos riscos.

Documente Todos os Processos: Guarde registros de todas as etapas da transação, incluindo comunicações com o cliente, envio de produtos e comprovações de entrega. Esses documentos podem ser essenciais em uma disputa jurídica.

Como a decisão pode aliviar os prejuízos do lojista

A decisão do STJ reconhece que o lojista, por mais que siga todos os cuidados possíveis, não pode ser responsabilizado de forma exclusiva em todas as situações de cancelamento de compras. A partir dessa interpretação, lojistas têm maior respaldo jurídico para questionar cláusulas abusivas e pedir compensações em situações onde o chargeback ocorre injustamente.

Além disso, a decisão estimula que intermediadoras de pagamento adotem posturas mais responsáveis, aprimorando suas verificações de segurança e dividindo os riscos de fraudes com os lojistas. Ao não repassar automaticamente toda a responsabilidade ao comerciante, cria-se um ambiente de maior proteção para o comércio eletrônico.


Conclusão

Para os lojistas que enfrentam problemas com cancelamentos de compras, a decisão do STJ traz alívio e novas possibilidades. Com ela, o risco de fraudes e chargebacks pode ser distribuído de maneira mais equilibrada, trazendo maior justiça nas transações comerciais online.

Se você é lojista e está enfrentando dificuldades relacionadas ao cancelamento de compras ou fraudes, considere revisar seus contratos com intermediadoras de pagamento e, se necessário, buscar apoio jurídico para garantir que você não seja responsabilizado de forma injusta.

Proteger seu negócio vai além de adotar boas práticas de segurança. É essencial garantir que você esteja resguardado por contratos justos e equilibrados, que respeitem seus direitos como comerciante.

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